Filho de Senador Canedo, o jornalista Alexandre Braga 43 anos é fundador do Diário do Estado, um dos maiores sites de Goiás, propõe um novo caminho para Senador Canedo. Para Braga, o formato de gestão de Vanderlan Cardoso, hoje representado pelo prefeito Fernando Pellozo, está ultrapassado e a cidade precisa experimentar o modelo de administrar do MDB, que Iris Rezende e Maguito Vilela implantaram em Goiânia e Aparecida de Goiânia, respectivamente. Segundo o jornalista, a prefeitura parou no tempo e não atende às necessidades básicas da população.
- Texto extraído da entrevista concedida o jornal Diário do Senador Canedo
Diário de Senador Canedo (DSC): Qual a sua ligação com Senador Canedo?
Eu costumo dizer que é de berço. Minha família chegou aqui em 1944, para a construção da Estrada de Ferro. Meu avô, Hermógenes Braga Melo, veio para cá e comprou uma propriedade na zona rural. A primeira padaria da cidade foi da minha família. Meu pai, Sebastião Braga, foi o primeiro encarregado da Celg no município e foi vereador pelo MDB por dois mandatos.
Minha família também ajudou na emancipação política de Senador Canedo, inclusive na documentação, colhendo assinaturas. O PSF do Conjunto Valéria Perillo, por exemplo, leva o nome do meu avô. Foi uma homenagem do prefeito da época para ele. Então, temos um vínculo enorme com a cidade. Eu mesmo, apenas nasci em Goiânia e vim para cá, onde cresci e passei toda a minha vida.
Vi de perto tudo que o povo passou na cidade e já senti na pele a falta de uma educação de qualidade, de lazer, de saúde. Quantas vezes já fiquei na UPA por horas esperando atendimento. Também vi muitos amigos morrerem por causa da criminalidade e pela falta de oportunidades oferecidas pelo município.
Essa é a minha ligação com Senador Canedo.
DSC: Como você conseguiu assumir a presidência do MDB de Senador Canedo?
AB: Eu fiz uma série de denúncias contra atual gestão, uma delas foi contra a cobrança de entrada no Rodeio Show de Senador Canedo. Graças a essa denúncia junto ao MP, o prefeito foi obrigado a não cobrar ingressos no evento. Também entrei na Justiça para que a prefeitura revogasse o aumento de mais de 22% na tarifa de água. Por essas e outras ações, fui convidado pela população a atuar de forma mais efetiva para tentar mudar a realidade do nosso povo. Então, pensei que que estava na hora de ajudar a cidade onde vivo desde que nasci. É aqui que vou criar meus filhos e quero deixar a cidade melhor para eles também.
Assim, conversei com Daniel Vilela, que também é jovem e vem contribuindo com o crescimento de Goiás e ficou combinado de a gente propor um novo projeto para Senador Canedo. Desde então estou conversando com a população, com empresários e com os diversos setores da sociedade, reestruturando o partido em Senador Canedo para, em 2024, tentar conquistar a Prefeitura e fazer uma bancada forte na Câmara Municipal.
Por essa minha experiência e tradição familiar dentro do partido, vejo que podemos contribuir com o município e fazer Senador Canedo avançar. Não tenho nada contra o Divino [Lemes] que foi prefeito quatro vezes. Ou contra o Vanderlan [Cardoso] que também foi prefeito quatro vezes – duas ele mesmo, uma ao indicar Misael e outra ao bancar Pellozo – mas que, na verdade, é ele quem manda. Não tenho nada contra, mas acho que ele e o Divino já administraram o município e se a contribuição foi boa ou ruim o povo é que irá julgar. O fato é que precisamos avançar. A população merece mais. Vamos devolver a Prefeitura para o povo de Senador Canedo. Essa é a nossa missão!
“O MDB quer implantar em Senador Canedo o mesmo modelo de gestão de Iris e Maguito, que foram muito exitosos e focados nas populações de Goiânia e Aparecida”
DSC: Você é o presidente do MDB, o que o partido está propondo para Senador Canedo?
AB – O MDB faz parte da história de Senador Canedo e ajudou a construir nossa cidade. Foi graças ao empenho do MDB que as três rodovias que dão acesso à cidade foram asfaltadas, A GO-403 no governo Santillo e as GOs-536 e 010 na gestão de Maguito Vilela. No social, o MDB foi fundamental com a construção de 1504 casas, onde hoje fica o Conjunto Morada do Morro, também obra de Iris Rezende.
O Cristo Redentor, cartão postal da cidade, é um legado do ex-governador Maguito Vilela. Foi na gestão do ex-prefeito Tomas de Aquino, do MDB, que foi finalizado o acordo para que a Petrobras se instalasse na cidade, o que mudou a história de Senador Canedo para sempre. Então, fizemos muito no passado e vamos fazer no futuro, se Deus e o povo de Senador Canedo nos permitirem.
A ideia é implantar aqui na cidade o modelo de gestão vitorioso que Iris realizou em Goiânia. Quando ele deixou a Prefeitura, tinha mais de 80% de aprovação. E também, que Maguito fez em Aparecida de Goiânia, transformando por inteiro a cidade, que hoje é referência em várias áreas. Então, nós pretendemos implantar esse mesmo modelo de gestão aqui em Senador Canedo. Temos certeza que o MDB tem um modelo vitorioso de gestão. Senador Canedo precisa de um prefeito arrojado que viva os problemas da cidade que chegue as 5 horas manhã na prefeitura e que não tem preguiça de cuidar das pessoas como acontece hoje.
DSC: Você é pioneiro, como analisa a gestão do Canedo?
Alexandre Braga (AB): Moro aqui há 43 anos e falo com toda certeza que a pior administração da história de Senador Canedo é essa. Hoje o prefeito fala grosso com nosso povo e fino com a Cicopal, por exemplo. Veja o caso do trânsito, onde o prefeito mudou a sinalização sem consultar nosso comércio, provocando a falência de muitos comerciantes. Esse é só um exemplo de uma gestão desastrosa, que virou as costas para o nosso povo. A função da Prefeitura e do prefeito é cuidar das pessoas, e em Senador Canedo não acontece isso. Mas, há muitos outros nas áreas da saúde, educação, infraestrutura. Poderia ficar um mês aqui só falando da incompetência do atual prefeito.
“O modelo administrativo do prefeito está ultrapassado, ele não consegue nem resolver o problema de água em Senador Canedo”
A grande verdade é que há um comodismo da classe política, na história de Senador Canedo. Divino Lemes foi prefeito quatro vezes e estamos no quarto mandato do Vanderlan via Pellozo e eles não conseguiram resolver nem os problemas mais básicos da população. É mais do mesmo. Nem os secretários mudam. Eles estão há quase 40 anos no poder e a população de Senador Canedo ainda sofre com a falta de água.
O modelo de administrar implantado por Vanderlan na Prefeitura de Senador Canedo, onde o povo não é prioridade, está ultrapassado. Hoje no município, de acordo o Ministério da Cidadania, mais de 18 mil pessoas estão na fila do CadÚnico, aguardando um cartão do Bolsa Família porque estão na faixa da extrema pobreza. É justo uma prefeitura arrecadar R$ 80 milhões por mês e o povo não ter alimento na mesa?
Sem falar na saúde, onde impera a medicina da dipirona e a fila para cirurgias chega há quase dois anos. Mas, isso tudo é porque o mesmo grupo político está no poder há muito tempo. Só troca o prefeito, mas até os secretários são os mesmos. Eles não priorizam o que é importante na cidade, que é o povo, e sim usam o poder para atender interesses empresariais. Hoje, a Prefeitura de Senador Canedo atende só empresários.
Esse modelo falido da administração atual não consegue nem levar água para os canedenses. Está na hora de mudar e dar um passo à frente. Senador Canedo merece mais!
“Senador Canedo precisa de um prefeito que cuide das pessoas, que não tenha preguiça de resolver os problemas da cidade”
DSC: Você pinta um cenário caótico. Não está exagerando? Claro que não exagero. É caótico a prefeitura deixar milhares de famílias sem alimento na mesa, sem segurança, sem transporte, sem saúde e sem educação. Como eu disse, os dirigentes de Senador Canedo administram para seus grupos e de costas para a população. Essa gestão, e as que vieram antes dela, falharam com o povo. A prefeitura é ausente e omissa. Só para citar um exemplo, fui em reunião na casa de uma senhora no Monte Azul e ela me contou que para trabalhar tem que ir para o ponto de ônibus às 4h30, no escuro. Ela já foi assaltada duas vezes no ponto. Cadê o prefeito?
DSC: Mas esse parece ser um problema comum a todas as cidades. Sim, mas o papel do poder público é buscar soluções. Primeiro, é cuidar do bem-estar do cidadão, garantir sua segurança, o direito de ir e vir em paz. Aumentar a oferta de ônibus e fazer outros investimentos para mitigar o problema. Uma ideia a ser considerada é o transporte ferroviário, de cargas e também de passageiros, algo que se prioriza em países mais desenvolvidos. Já tivemos isso por aqui, mas, na época do Fernando Henrique (Cardoso), houve a privatização e foi o fim do serviço.
DSC: Trata-se uma crise moral e ética ou social? Os gestores de Senador Canedo desviaram o foco da administração. Pensam apenas em atender interesses pessoais e de grupos empresariais formados por amigos do atual prefeito ou de seus antecessores. Como eu disse, são, basicamente, dois grupos que se revezam no poder e se aproveitam das benesses. A prioridade não é o povo, que sofre com a fome, a falta de água, de segurança, educação e saúde de qualidade. A crise é moral, ética e social.
DSC: Você fala em um novo modelo de gestão. Pode dar exemplos mais concretos de ações para a cidade?
Em Senador Canedo falta água até para tomar banho e fazer comida. Temos duas soluções: construir uma barragem no Rio Caldas, e o projeto foi feito na época do ex-governador Iris Rezende, ou transferir a concessão aqui da cidade para a Saneago, que, apesar das deficiências, entrega bem mais ao goiano que a Sanesc. Falta vontade política, porque o que está em curso aqui na cidade que dá para entender é que eles estão desmoralizando a Sanesc para criar o discurso para vendê-la.
“Hoje o prefeito fala grosso com nosso povo e fino com a Cicopal”
DSC: E qual sua opinião sobre vender a Sanesc?
Não creio que deva ser privatizada. Ou passa para a Saneago a Prefeitura de Senador Canedo continua administrando, mas de forma que resolva o problema, o que falta é vontade política. Hoje “temos” um senador em Brasília, mas recursos para resolver a questão da água ele nunca trouxe para Senador Canedo, mas com o governo Lula e o MDB vamos mudar essa realidade. Já foi encaminhado projeto de lei para a Câmara Municipal, que está engavetado na presidência, com referência à venda da Sanesc.
Receio que possa haver o sucateamento da empresa, a destruição de sua imagem junto à população, para depois ela ser privatizada. Isso nós não podemos aceitar nunca aqui na cidade, porque depois que privatizar a Sanesc, eu quero ver se vai chegar água nos bairros mais distantes da cidade – hoje ainda chega, mesmo que nem sempre. Além disso, ainda há o risco de a tarifa subir e se tornar mais cruel do que a atual, que teve reajuste de 22% aprovado pelo atual prefeito.
DSC: O que mais poderia ser feito para melhorar a vida na cidade?
Criar a Secretaria de Transporte, como foi feito em Aparecida de Goiânia, para gerir o transporte coletivo. Organizar as linhas de ônibus, atender à necessidade dos bairros para acabar com esse negócio de a pessoa estar lá no ar condicionado em Goiânia e definir o horário que uma dona de casa vai pegar um ônibus no Monte Azul ou na Vila Galvão.
Na saúde, a construção de um hospital municipal é uma necessidade, Bela Vista, que fica aqui do lado, já conseguiu fazer um, e Senador Canedo não tem por falta de vontade política. Dinheiro tem, afinal são quase R$ 80 milhões por mês que a prefeitura arrecada. Mas eu volto a repetir que a classe política em Senador Canedo está acomodada. Ela deixa o povo sem água, esgoto, saúde e ainda consegue se reeleger. Estão acostumados a maltratar o povo do município, todo ano falta água aqui e chega a eleição, entra o grupo do Divino (Lemes) ou do Vanderlan (Cardoso). Eles estão acomodados e enquanto não dermos uma sacudida para Senador Canedo seguir novo caminho, não vai mudar a situação aqui.
DSC: Você falou que é preciso oxigenar Senador Canedo, alternar o poder na cidade. Também falou de implantar o modelo de gestão do MDB. É um recado de que o partido terá candidato nas próximas eleições? E mais, o nome pode ser o seu?
O MDB é gigante. Elegeu o vice-governador de Goiás e uma bancada forte na Alego. Isso, de certa forma, já responde à pergunta. O MDB não pode abrir mão do protagonismo político. Então, trabalhando para que Senador Canedo tenha um candidato majoritário em 2024. Mas, é claro que isso passa pelo nosso líder Daniel Vilela e por outras lideranças da sigla. E meu nome está à disposição para o desafio de devolver a Prefeitura para o povo de Senador Canedo.